
Pilatus suspende entregas de aeronaves aos EUA após tarifas de Trump


A fabricante suíça Pilatus anunciou a suspensão temporária das entregas de seus jatos PC-12 e PC-24 para clientes nos Estados Unidos, após a imposição de tarifas de importação de 39% sobre produtos suíços pelo governo Trump. A medida afeta diretamente a competitividade da empresa, já que o mercado norte-americano representa cerca de 40% de suas entregas anuais desses modelos.
Segundo a Pilatus, o aumento nos custos tornou inviável manter o ritmo atual de exportações para os EUA, levando a companhia a redirecionar aeronaves para mercados na Ásia-Pacífico, América Latina, Europa e Oriente Médio. Como estratégia de longo prazo, a fabricante está acelerando o projeto de uma linha de montagem em Sarasota, na Flórida, o que permitiria produzir localmente e evitar o impacto das tarifas. Atualmente, a Pilatus já conta com uma unidade no Colorado, dedicada à montagem final de aeronaves.
Para preservar seus cerca de 3.000 empregados e minimizar o impacto econômico, a empresa adotou o sistema suíço de Kurzarbeit (redução temporária da jornada com compensação parcial pelo governo) e medidas de ajuste por desgaste natural da força de trabalho, evitando demissões.
A carteira de pedidos da Pilatus permanece sólida, avaliada em aproximadamente US$ 2,48 bilhões, mas a fabricante admite que a redução das entregas poderá afetar o fluxo de caixa nos próximos meses.
Enquanto isso, as negociações comerciais entre Suíça e Estados Unidos continuam, na tentativa de rever ou atenuar as tarifas.
Embraer evita pior cenário, mas ainda sente impacto
A brasileira Embraer também esteve na mira das tarifas norte-americanas, com um imposto de 50% inicialmente previsto pelo governo Trump. O CEO Francisco Gomes Neto alertou que tal medida elevaria em até US$ 9 milhões o custo de cada aeronave exportada aos EUA, um impacto comparável às perdas registradas no período mais crítico da pandemia.
Após intensa negociação, a Embraer obteve isenção parcial e mantém-se sujeita a uma tarifa de 10% sobre as aeronaves vendidas aos Estados Unidos. O mercado norte-americano é estratégico para a empresa, representando quase metade das exportações de jatos comerciais e cerca de 70% das vendas de jatos executivos.
A fabricante reforça que continuará investindo fortemente no país, incluindo planos para montar o cargueiro militar KC-390 em território norte-americano, além da previsão de adquirir até US$ 21 bilhões em produtos fabricados nos EUA até 2030.
RTX projeta custos bilionários com tarifas
A gigante aeroespacial RTX, controladora da Pratt & Whitney e da Collins Aerospace, estima que as tarifas sobre alumínio e aço custarão até US$ 500 milhões em 2025, com impacto já registrado de US$ 125 milhões neste ano. A empresa revisou para baixo sua projeção de lucro por ação, mas elevou a previsão de receita diante da forte demanda no setor de defesa e manutenção de motores.
